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Esportes

Três fisiculturistas de Lins são campeões no Sul-Americano

Cíntia Papile no dia 12 de novembro de 2018 às 15:50
Atualizada em 12 de novembro de 2018 às 15:55
Divulgação

Um esporte que exige muita disciplina e superação de limites desde o treino até a alimentação, o fisiculturismo (ou bodybuilding) ganha cada vez mais adeptos e visibilidade. E Lins está muito bem representada nesta atividade. Priscilla Rodrigues Marin Mondi, Douglas Felype Metódio e Carlos Cardoso, líder e treinador da equipe, conquistaram o pódio no campeonato Sul-Americano, realizado em Curitiba no dia 9 de setembro deste ano.

Moradora de Lins desde 2004, Priscilla Rodrigues Marin Mondi tem 39 anos, é mãe, esposa e policial civil. Mas, antes de ser isso tudo, já era uma atleta. Desde 1994 pratica musculação. E o começo não foi nada convencional, ela treinava numa academia artesanal em Presidente Alves, sua cidade natal. “Eu treinava numa garagem de fundo de quintal, com aparelhos artesanais, os halteres eram feitos de lata de Nescau, cimento e ferro de construção, era do namorado da minha melhor amiga, aos poucos, ele foi melhorando os aparelhos, alegria minha foi quando ele comprou um par de anilhas”, relembra.

Dez anos depois, ela casou e mudou para Lins, quando começou a treinar em academia. Por querer testar mais o seu corpo, foi que ingressou no fisiculturismo. “Eu queria ver um “antes e depois”, queria fazer um teste no meu corpo e ver como ele respondia. Eu tenho uma maturidade muscular muito boa, então quando perco a capa de gordura, a musculatura fica bem evidente”, afirma. Foi em fevereiro de 2017 que o seu orientador Carlão a incentivou a participar de uma competição que seria realizada em abril daquele ano em Londrina e ela decidiu experimentar. “Eu fui pesquisando, vendo vídeos de competidoras na internet e fui imitando, já naquela minha primeira competição eu fui campeã na categoria Bikini, fiquei feliz, o inseto do fisiculturismo me picou e fiquei apaixonada, não parei mais”, relata.

 Desde então, Priscilla tem levado o nome de Lins com maestria. Ela já participou de sete campeonatos, conquistou oito títulos de campeã (porque as vezes compete em mais de uma categoria num mesmo campeonato), dois de vice-campeã e dois Overall – quando a categoria é subdividida por altura ou idade e depois as campeãs disputam entre si o título máximo. No campeonato brasileiro, a atleta conquistou o segundo lugar.

Muito esforço, pouco apoio                                                                  

O treino é importante, mas a dieta é o diferencial que pode trazer o título, segundo Priscilla, principalmente nos dias que antecedem a competição. Antes do último campeonato, ela conta que ficou dez dias só comendo frango com brócolis ou couve-flor, e tudo puro, sem qualquer tipo de tempero. A água também é diferenciada, com menos sódio e minerais. Pão, nem pensar. Carboidratos não são bem-vindos.

O difícil é quando tem alguma festinha repleta de guloseimas. “Nos últimos 45 dias da preparação, até evito sair, mas tive casamento, aniversário e até o chá de bebê da minha irmã, que é confeiteira, tinha um monte de tipos de doces. Mas eu não como de jeito nenhum, eu pego o que eu gostaria de comer, levo pra casa, congelo e como depois do campeonato”, conta, aos risos.

Mas, existe ainda outra dificuldade que está fora do campo do empenho do atleta, que é o fator financeiro. Para competir, é bastante caro. As inscrições variam de R$ 200,00 a R$ 250,00 por categoria, ainda tem o transporte, hospedagem e a compra dos materiais. “O biquíni é bastante específico, o formato, pedrarias, o mais simples fica por volta de R$ 500,00. Ainda tem as bijouterias, brincos, que precisam ter brilho. A sandália também é bem específica. E não pode ficar repetindo, só depois de um tempo. Tem ainda tinta para pintura do corpo. Para fazer um bate e volta em São Paulo, sem comprar o biquíni, fica em mil reais, mas você fica 24 horas sem beber água, sem comer e dormir”, relata.

Há contribuições por meio de produtos e prestação de serviços de algumas lojas parceiras, como academia, de suplementos (porque é necessária uma reposição de mineral e vitaminas para não adoecer), mas a ajuda do poder público ainda é pequena. “Eu já me classifiquei para dois mundiais, mas não pude ir porque não tinha como pagar. Destes campeonatos, a Prefeitura deu uma pequena ajuda financeira em um deles”, conta.

É o que aconteceu novamente. Priscilla, Carlos e Douglas ganharam o direito de competir em três campeonatos mundiais em razão da vitória no Sul-Americano em setembro, mas apenas Douglas irá competir, em Lisboa. Há outros atletas da equipe que não conseguiram participar da classificatória pelo mesmo motivo. “Eu só participei do Sul-Americano porque este ano foi aqui no Brasil, mas no próximo ano será no Peru, não sei como farei. Tem mais atletas na equipe, mas não participaram por motivo financeiro”, aponta.

O esporte é uma janela para a própria cidade que os atletas representam, quem sabe essa consciência desperte em quem possa contribuir e apoiar.

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