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Cilmar Machado

MEU PRESENTE DE NATAL...

Cilmar Machado no dia 18 de dezembro de 2018 às 09:16
Atualizada em 18 de dezembro de 2018 às 10:34
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Lembro-me como se fosse hoje. Década de 80. Ficava fascinado ao ver meu pai, dono de um jornal numa cidade do interior, acessar num ritmo frenético as velhas teclas de uma Remington 90. Aos poucos, as notícias apareciam no papel. Aquele tactac contínuo e ritmado era como música para  meus ouvidos. A máquina de escrever encantava-me sobremaneira. Suas teclas não se cansavam compondo notícias políticas, policiais, esportivas e sociais. Para mim, era como se fosse uma autêntica fábrica de ideias e sonhos.

O tempo passou e já adolescente aventurei-me dominá-la. O que escrever nela não me faltava. Tinha a mesma verve de meu pai, sentia-me haver nascido para a comunicação. As ideias fervilhavam-me, mas a expressão escrita delas ainda exigia maior conhecimento, maturidade e muito treino. A velha Remington a tudo isso tolerou. Paciente e sempre pronta para ser teclada viu-me crescer profissionalmente. Formei-me jornalista e hoje escrevo crônicas para vários jornais e revistas.

No Natal de 90, já aposentado, meu pai presenteou-me com aquela que fora sua companheira na profissão por toda vida. Chegou a chorar de emoção ao passar-me a máquina de escrever, recomendando que fizesse dela o melhor uso, como ele o fez, teclando tão somente a verdade. Emocionei-me também e agradeci o melhor presente de Natal que até então havia recebido. Um ano depois, meu pai faleceu.

O tempo passou, veio o início do século 21. A tecnologia deu um prodigioso salto com a chegada da internet. O teclado da máquina de escrever foi trocado pelo dos computadores. O velho papel A-4, foi substituído pelo Windows. A comunicação tornou-se mais rápida e imediata. Aderi à evolução e, muito a contragosto, aposentei a máquina de escrever, no entanto, a minha Remington, velha companheira herdada de meu pai, foi por mim entronizada na estante de meu escritório de trabalho.

Hoje, nestes dias que antecedem o Natal, contemplo suas desgastadas teclas e lhes agradeço pela fidelidade por tantos e tantos anos. Não resisto, pego uma folha de papel, coloco na máquina e teclo suavemente: OBRIGADO e feliz Natal...

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