A última semana foi pobre em novidades, exceção apenas na esfera federal, onde finalmente o governo enviou à Câmara sua proposta para a reforma da Previdência. Se aprovada, irá solucionar um sério problema de caixa e, de certa forma, penalizar o cidadão comum e ativo que deverá trabalhar muito mais anos para se aposentar. Dessa forma, mais uma vez, o povo paga pela incúria e desmandos de governantes anteriores. Aliás, você já notou como o cidadão se torna cada vez mais anônimo, sendo conhecido apenas por um número, o de seu CPF?  Se antigamente éramos chamados pelos nossos nomes de batismo, hoje recebemos diferentes tratamentos em nosso dia-a-dia.

Selecionei alguns deles: na ficha do médico, apareço como Cliente. No restaurante, sou freguês. Quando alugo uma casa, viro Inquilino. Na condução, sou passageiro. Nos correios, sou remetente. No supermercado, sou consumidor. Se sou patrão, chamam-me de empregador. Para a Igreja, sou fiel.  Se atraso ou deixo de pagar uma conta na data de seu vencimento, sou inadimplente, se não pago, sou sonegador. Para votar, sou eleitor; mas, no comício, sou massa, povo. Em viagem viro turista. Na rua, caminhando, sou pedestre, e se me atropelam, viro acidentado. No hospital, me transformo em paciente. Nesse caso, para os jornais, sou vítima. Se compro um livro, viro leitor. Se ligo o rádio, sou ouvinte. Para a TV, sou telespectador. Na internet, sou internauta. No futebol, eu, que já fui torcedor, agora virei galera... E, quando morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome. Vão me chamar de finado, extinto. E, o pior, para o Governo eu sou contribuinte...

 Nesta altura da vida, já não sei mais quem sou. Afinal, quem sou eu??? Se alguém souber, me avise, por favor...