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Cilmar Machado

MÚSICA RAIZ ...

Cilmar Machado no dia 19 de novembro de 2019 às 09:33
DIVULGAÇÃO

            Se quiser ver a autêntica felicidade basta olhar nos olhos de quem canta com a alma. Sou do rádio há várias décadas e nunca essa frase foi tão verdadeira. Vivi o tempo dos programas de auditório, das duplas sertanejas, da música raiz Quantas vezes vi a felicidade brilhar nos olhos de gente humilde, sofrida, trabalhadora rural que, nos finais de semana, buscava os estúdios da rádio para cantar as ¨modas¨ de Tião Carreiro e Pardinho, Sulino e Marrueiro, Tonico e Tinoco e tantos outros mais. E como havia público para isso!

            Lembro-me com saudade do Fascínio (o falecido sertanejo e vereador Bonifácio Urel) com o seu programa ¨Festa no Galpão¨; de outro animador sertanejo Zé Toco (falecido), motorista de taxi apaixonado pela música cabocla. As duplas de Lins e região disputavam a oportunidade de cantar nesses programas. E dê-lhe moda de viola! ... Os domingos pareciam mais ricos e felizes com aquela gente simples a cantar ao som de violões, violas e sanfonas ...

            Veio a modernidade e tudo mudou. Surgiu o chamado sertanejo universitário. As violas e violões foram trocados por instrumentos mais sofisticados. Os cantores rústicos e da terra, foram substituídos por gente estudada, jovem e bem vestida, que passou a cantar acompanhada por conjuntos musicais e até orquestras. Artistas de renome, do chamado sertanejo universitário, abandonaram de vez a viola e passaram a se apresentar apenas sob forma de megaproduções. As letras das músicas, que até então cantavam as coisas simples do sertão, passaram a observar temáticas urbanas. O ¨meu ranchinho¨ foi substituído pelo ¨meu Camaro amarelo¨, a vida regrada do homem simples da terra foi trocada pelos vícios do ser urbano. Passaram a imperar as músicas que falam de bebedeira, machismo, traição sentimental e tantos outros males até então pouco vivenciados pelo homem do campo. Em síntese: erradicaram de vez a chamada música raiz, que foi relegada a um segundo plano levando à sua quase total extinção.

            Talvez também isso tenha ocorrido devido ao processo migratório em massa do pessoal do campo em busca das cidades e do conforto que não mais encontra na zona rural. Sinal dos tempos? Evolução? Não posso concordar com isso, pois evoluir jamais poderá significar matar a ingenuidade e a expressão das pessoas mais simples.

Ainda bem que nos restaram a saudade e a lembrança de um tempo em que o caboclo cantava suas mágoas ao seu jeito e feitio, sem sofisticações, usando como inspiração apenas sua alma simples para planger a viola. Ah, que saudades ...

 

cilmarmachado@yahoo.com.br   

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