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Vi no Discovery Chanel algo sobre a vida dos elefantes que realmente mexeu comigo. Esses animais andam em manada e, quando um deles percebe que está próximo da morte, retira-se do grupo à procura do cemitério dos elefantes, local recôndito que instintivamente todos eles sabem encontrar. Foi mostrado na tevê o lento declínio físico e o natural isolamento que os demais elementos da manada impõem ao velho e superado elefante.
Fiquei pensando que, neste particular, há certa semelhança no comportamento do ser humano e dos elefantes quando ambos chegam à uma idade mais avançada. À exemplo do animal, vamos nos tornando mais isolados, distantes e avessos às modernidades. Fama, poder e dinheiro já não nos atraem mais tanto quanto em nossa juventude. À exemplo da afirmativa bíblica tudo se resume tão somente em vaidades e quimeras, que o tempo se encube em tornar inúteis e obsoletas. Nossas preocupações passam a se restringir apenas em cuidar da saúde e de curtir nosso cantinho, isolado e só nosso. Dessa forma, nos assemelhamos e muito ao velho e moribundo elefante.
Eu mesmo me surpreendo com a resistência inexplicável que tenho quanto ao uso do telefone celular. E não é ranzinzisse, não! Vejo na prática o quanto esse aparelho escraviza seu proprietário. Há gente, especialmente entre os jovens, que já não mais vive sem ele. Perdem horas inteiras teclando, interagindo, jogando conversa fora esquecendo-se até mesmo do estudo e do trabalho. Devagar com o andor que o santo é de barro! Uso meu celular apenas para o contato com a família e para as inevitáveis transações comerciais e bancárias. Não sacrifico a leitura de um livro ou a exibição de um bom filme e de acompanhar uma partida de futebol, perdendo o bem mais precioso que temos em vida, o tempo.
Talvez você discorde por achar-me radical demais. Sei não, será que já estaria na hora de, como o elefante vencido pelos anos, afastar-me da manada humana e partir em busca do cemitério? ...