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Cilmar Machado

MINHA AMIGA IVANI ...

Cilmar Machado no dia 09 de junho de 2020 às 09:30

            Recebi da Ivani Olívia Fava Neves esta crônica que repasso aos nossos leitores:

É O QUE TEMOS PARA HOJE ...

(Dedico este artigo à minha irmã Yvette Fava que sempre alimentou meus mais arroubados sonhos e realizações.).

Quando perco o sono de madrugada, programo a televisão por um tempinho, para que eu possa pegar no sono embalada por alguma notícia. Ontem, passei por todos os noticiários nos diversos canais que gosto de ver, mas só encontrei desalento e tragédias. Sei que o momento é ISSO, e é definitivamente o que temos para hoje, mas será que não há nada de melhor acontecendo no mundo todo?

Nas manchetes da Gazeta, vejo notícias tristes, mas a maioria delas acrescenta algo para que não nos afundemos no meio desta balbúrdia que tomou conta do planeta. Nas do outro jornal que eu assino, há duas notícias relativamente boas em meio às vinte ruins que estão estampadas na capa.

Peço desculpas para os que não vestem a carapuça, mas jornalistas e analistas da mídia escrita ou falada parecem abutres em cima da carniça. Não pouparam o Bruno Covas nem quando foi internado, fazendo chamadas intermitentes, como um troféu recém-ganhado que precisava ser exibido. Quando ele entrou no hospital, viu sua vida escancarada. O pobre Ministro Nelson Teich não é nenhuma Marta Rocha, mas sua imagem serviu de estímulo criativo para muitos cartunistas. O que me açoita e desespera é pensar que no meio de tanta tragédia o brasileiro consegue se alimentar da carniça, com tanta carne melhor para se nutrir. O drama das vítimas da Covid 19 é escancarado com tanta devassidão que a dor das famílias fica banalizada. As fake news se espalham como tiririca na grama. Apesar de saber que estamos no mesmo barco, jogam água dentro dele, para que afunde, sem pensar que afundaremos juntos.

Não bastava a crise sanitária. Deram corda para que toda sorte de crises grassassem simultaneamente, deixando emergir toda a sujeirada que sempre esteve debaixo de nossos tapetes e que deveriam ficar ali mais um pouquinho, até que o corona e suas consequências inexoráveis fossem embora. Definitivamente, parece que as pessoas querem ver sangue. Divulgar notícias que podem criar risco à estabilidade econômica e democrática é uma temeridade. A liberdade de expressão não significa que se pode dizer o que quiser e onde quiser. A filósofa Carolin Emcke diz que a mídia é ingênua ao dar espaço excessivo a propagadores de ódio, pois isto não traz nenhum ganho civilizatório.

Sei que muita gente sentiu a toxicidade da mídia e encontrou a vingança cancelando assinaturas de jornais e evitando alguns canais de televisão. Passei um tempão detestando o Bial, porque ele apresentava o Big Brother. Valha-me Deus, você acha que quem assiste a este tipo de programa, que tem uma audiência fenomenal, tem alguma coisa de concreto na cabeça? Se a audiência explode, dá-lhes programas deste e de outros níveis piores, com direito a pacotes para ver a competição 24 horas por dia. Não é infinitamente mais legal assistir a inteligentes e bem humoradas entrevistas do mesmo Pedro Bial? 

Apesar da pandemia que nos afeta de todas as formas possíveis, desde as madrugadas insones até o dormir desalentado, temos ainda que receber todos os tipos de chicotadas dos fazedores de notícias. Pisam e repisam nas mesmices de personalidades que usaram máscaras de maneira errada, que falaram palavrões em ambientes impróprios, que são feios, que são desonestos, que fazem o que fazem porque têm aspirações políticas, que a bolsa despenca e que o dólar sobe, que uns doam enquanto outros roubam, etc. e tal.

“Dois homens olhavam através das barras de uma prisão. Um via o sol, outro o chão”. É o que temos para hoje... A escolha depende de cada um de nós.

Ivani Olívia Fava Neves – Presidente da Mucapp – ivanifava@gmail.com

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