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Cilmar Machado

AH, QUE SAUDADE! ...

Cilmar Machado no dia 28 de julho de 2020 às 09:54

Não sou muito de pensar no passado, mas vez ou outra, doces recordações assaltam minha alma. Esqueço da correria e das atribulações do dia-a-dia e navego nas asas de minha memória que vagueia livremente no tempo e no espaço. Parodiando a música de Moacyr Franco, ¨ainda ontem chorei de saudade¨, ao rememorar a Lins dos meus tempos de criança e juventude.

Era a década de 60. A cidade tinha pouco mais de quarenta mil habitantes. Gente ordeira, temente a Deus, católica em sua maioria. O trabalho e o culto a Deus predominavam. Aos domingos, a rotina de todos era assistir à Missa das 10, na Catedral de Santo Antônio e, às 13 horas, frequentar à matinê no Cine São Sebastião, na Luiz Gama. Ali vibrávamos com os filmes do Mazaroppi e os seriados com Tom Mix, Roy Rogers, Tarzan, Batman e tantos outros. À noite, as famílias buscavam a praça Coronel Piza, onde a Banda Municipal as brindava com deliciosa retreta executando valsas, chorinhos, marchas e dobrados. A criançada se divertia no extenso espaço da praça. Sorveteiros e pipoqueiros disputavam tão numeroso e cativo público. Já mais à noite, os mais jovens, faziam o chamado footing em frente ao Cine São Sebastião, tomando todo o quarteirão da Luiz Gama, entre a 21 de Abril e a 15 de Novembro. Quantos  namoros e casamentos ali começaram! O lazer tinha poucas opções: curtia-se o footing,  que se estendia também na Leiteria Central onde a paquera rolava ou ia-se à sessão cinematográfica das 19 horas, no ¨Bastiãozinho¨ . Muitos curtiam o Big Show B-3, no auditório da Lins Rádio Clube, em frente ao cinema. E era só! As moças deveriam voltar para casa antes das 22 horas, obedecendo aos seus severos pais. Mesmo assim, foi muito gostoso viver naqueles tempos

Com o passar dos anos e ainda na década de 60, o                                               município, que até então  vivia da lavoura do café, passou a ver-se seduzido pela pecuária leiteira trazida da Pouso Alegre (MG) pela família Junqueira. Em pouco tempo, os cafezais foram substituídos por imensos e bem cuidados pastos. Com isso, a maioria dos habitantes de nossa então populosa zona rural passou a migrar para as mais diversas cidades do Norte paranaense, onde a cafeicultura começava a ganhar espaço. Aos poucos, Lins deixou de ser o maior centro cafeeiro do mundo e passou a ostentar um slogan cosmopolita: A Cidade das Escolas. A urbanização ganhou corpo, vieram os primeiros estudantes em busca do saber em nossas conceituadas faculdades. Com eles, novos hábitos e valores. Aos poucos, nossa bucólica cidadezinha foi dando lugar aos festivais de música popular, aos circuitos estaduais de cultura que aqui trouxeram Elis Regina e outros grandes nomes da MPB. Depois disso houve novos lances no comportamento de nossa gente, mas isso é assunto para futuras crônicas ...

Belos e áureos tempos aqueles! Valeram à pena. Éramos felizes e não sabíamos, não é? ...

 

cilmarmachado@yahoo.com.br

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