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Não sei se por influência dos bons fluidos do Natal, nestes dias que antecedem a passagem de ano, uma onda saudosista a todos invade de forma suave e avassaladora. Não me considero exceção e também embarco na doce busca do passado. Procuro não me prender a fatos e observações vividos tão somente por mim o que me tornaria chato e egocêntrico. Prefiro recordar o que de mais importante aconteceu às gerações dos setentões e oitentões que, como eu, também viveram a época dos Beatles e dos Rolling Stones. Fatos e canções tomam conta de minha alma, mas a dificuldade em expressá-los fidedignamente trava minha pena. Faltam-me palavras precisas para bem retratar algumas décadas por mim acompanhadas. Eis que, como verdadeiro presente de fim de ano, recebo do meu ¨cumpadi¨ José Ricardo Zani – escritor e dos bons, em Brasília – um texto maravilhoso, que bem exprime o que minha geração viveu. Sem mais milongas e delongas, vamos a ele:
Sou uma geração raiz,
Baby, broomers, assim se diz,
Saí do tempo pós-guerra
Para o mundo digital.
Do tempo da chaminé
Para a era do pré-sal.
Enfrentei sermões sem fim,
Quando a missa era em latim.
Aplaudi o cinemascope
E troquei por Netflix.
Guiei carro de três marchas
E cheguei no paddle shift.
Só eu sei quanto rodei
Da Barsa até o Google Play.
Sou safra de um tempo duro,
Berço de vencedores.
No trampo fui prematuro,
Sem disso guardar rancores.
Se cruzei da Guerra Fria
Para o front da pandemia,
Ainda que seja alvo,
Hei de sair, são e salvo.
cilmarmachado@yahoo.com.br