Não sou muito de visitar amigos, mas há algumas pessoas especiais a quem busco uma proximidade maior. Coisa de carma ou afinação de ideias e sentimentos? Sei lá! A verdade é que, bem no comecinho de 2020 visitei minha amiga Munira. Fui levar-lhe meus votos de feliz ano novo e trouxe dela uma das maiores lições de vida. Conversando, notei que havia em cima da cômoda de seu quarto, três recipientes bojudos de vidro. Num deles havia muitas bolinhas de vidro azuis, em outro e em maior número, bolinhas vermelhas e no terceiro pote de vidro, brancas. Brinquei perguntando a Munira se era macumbeira, pois aquilo parecida mandinga das bravas.

            Minha amiga sorriu e disse que os três potes e as bolinhas de vidro representavam a sua vida e explicou: no primeiro pote, cada bolinha azul representa uma alegria que tive durante todo o ano que passou; as vermelhas representam os dissabores porque passei e as brancas expressam cada perdão que concedi, cada ofensa que tolerei, cada incompreensão porque passei e superei. Ao elogiá-la pelo que faz no sentido de sempre procurar ser melhor, ouvi dela uma demonstração de humildade que calou-me fundo na alma: ¨Você notou que as bolinhas vermelhas superam as demais, mesmo as azuis que representam as alegrias que tive e vivi? Note o último pote, o das bolas brancas, são muito poucas face às demais, amigo. Ainda sou muito falha, mas hei de vencer-me! ¨.

            Deixei Munira com sua maneira prática de expressar seus sentimentos e aprendi dela a lição de que não importa a idade que tenhamos é preciso sempre buscar sermos cada vez melhores. Esta foi minha primeira e proveitosa visita em 2020. Comecei bem o ano, não? ...

 

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